domingo, 17 de novembro de 2019

Em busca do amor


Estou em busca do amor
De um que ainda não conheço
Mas pressinto
No vazio, silêncio do meu sentir
Costumo escutá-lo
Ouso ouvir sua voz
Tantas vezes me assustou
Neguei-o
Neguei-me
Abortei todas as suas sementes
Esperança de que não brotasse
Sequer vingasse
Mas eis que ele surge
Majestoso
Impõe-se sobre minhas reservas e fraturas
Nada o detém
É água!
Fogo!
Vento!
É força que rege e modela o meu querer
Imperioso, ele diz:
Não lhe cabe mais fugir!
Eis-me aqui!
Viva-me a mim!

Terra

Eu sou feita de terra
Dessa massa que me faz parte de um todo
Partículas no universo
Parte indissociável de mim
Dela, eu surjo
Nasço e renasço
Faço-me eu
Cumpro etapas
Algumas insanas
Para depois retornar
Nunca do mesmo jeito
No fim, ao mesmo lugar

Eu, corpo frágil em construção
Eu, corpo negro feito de barro
Fêmea transcendente que dança
Na água
Na terra
Na lama
Tudo amalgamado
Forma-me a mim

Quando os pés pisam o solo sagrado
Há mistério e renovação
Os encantados celebram
A vida acontece
A natureza ovaciona o chão.


25/07/2019