quinta-feira, 26 de março de 2009

Faca de dois gumes

Se eu acredito na liberdade humana?
Diria que não...
Deve ser uma farsa
Uma faca de dois gumes
Corta-se de um jeito
Do outro também
Não há saída
Porque não se pode escolher
Pode
Mas não é sempre que se consegue
E essa mesma faca vai rasgar
Até que sangre a alma
Até as últimas forças
Onde houver resquícios
Vestígios de vontade
Ali estará a lhe Sugar
Minar
Matar

Saída
Correm os olhos aos lados
Em total desespero
Procura
Saída?
Sim
Saída

Um dia acaba essa procura
A busca incessante de um verme

Barro
Cinza
A busca íngreme
Angustiante
Finda-a
Finda-te
Põe termo a tanta agonia
Por que não?

No final será o que não sei
Sangrando-lhe o peito
Segue
Chorando o que não mais pode chorar
As lágrimas da culpa
Repulsa
Desculpa
Até quando?
E o peito dispara
Aperta
Desperta
Desespera

Nada mais a dizer
O limite entre a sanidade e a loucura
A morte e a vida
O céu e o inferno
O doce e o azedo
Fel
Frio e quente
Nada mais a fazer
Esperar?
O quê?
Não mais
A dor a estrangular o peito
Rasga a voz
E consegue tapar o grito
Calou
E a falta do que foi
E já não é

Ana Santana

2 comentários:

  1. A vida por si só já é uma faca de dois gumes.

    Bjs..

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  2. "Segue chorando o que nãos mais pode chorar.
    As lágrimas da culpa
    Repulsa
    Desculpa
    Até qdo?
    E o peito dispara
    Aperta
    Desperta
    Desespera"

    Ao ler essa sua estrofe eu me vi! É como se vc estivesse me vendo, como estou agora, qdo vc a escreveu.

    Continue escrevendo!

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