Vilarejo
domingo, 17 de novembro de 2019
Em busca do amor
Terra
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
O leite
Foi daqui, dali, d’além
De onde ela surgiu
De quando ainda era menina
De quando se tornou esteio
Dos seus seios
Gigantes pequeninos
Dos seus impulsos maternos
Do seu leite mamava toda a gente
Menos o pai
Porque este, distante, apenas sabia da sua não reconhecida existência
Distante que estava, que era, que se deixava ficar,
Não conseguia bebê-lo
Antes, tornava-o ainda mais necessário
E reforçava sua árdua missão de alimentar
Quanto a ela, sequer se sabia mulher!
Só o conheceria outro dia
Só o seria depois
Ainda que, por meios nebulosos, o tivesse sido prematuramente
Contrariando a ordem natural da vida
Antecipando o tempo de o ser
Mas o leite
Tinha de tê-lo!
Tinha de oferecê-lo
Pois havia fome
Fraqueza
Quem disse que a doação é indolor?
Doía-lhe!
Até sangrava aquele mar de puro amargar
Naquela confluência de miseráveis seres necessitados
Esse mar tornava-se mais angustiante, desesperador
Que acontecia aos seus sonhos de criança quando, pequena adulta, dava de comer?
Que se fazia à sua infância quando, pequena mulher, dava de beber?
Distanciava-se de seu eixo hereditário
Renegava um futuro previsível
Abraçava um destino?
Uma sina?
Vislumbrava um incerto amanhã diferente
Uma mulher se formava
Uma mãe se fortalecia
E uma criança secava
Pois segurou em seus braços
Sustentou em seus ombros
A casa, a família, os eus, os tus
Seus ocultos pesos, dores, segredos
O peso de todos nós
O peso de todos os nós.
(14/08/2011)
Colcha de retalhos
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Foto: Jocevaldo Santiago |
domingo, 28 de agosto de 2011
Eu não me escondo mais
Mudar é uma das marcas e POSSIBILIDADES mais fascinantes da vida. Pessoas mudam, sonhos, valores, conceitos também. Que pode haver de errado nisso?
Mudar de segmento religioso NÃO É CRIME. Estamos num país cujas leis nos respaldam o direito à liberdade religiosa. Ser privado dessas prerrogativas é uma ingerência a direitos previstos por lei, e aí sim, teremos um crime. Viver intensamente a busca da felicidade é mais que um presente que o Criador nos deu, é uma motivação para continuarmos vivos e tirarmos proveito da nossa passagem por este plano.
Sem máscaras. Não é preciso mais se esconder. Poder assumir-se com seus valores e identidade, libertos da hipocrisia, é, sem dúvida, uma dádiva divina!
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Oração à sensatez
Posto que a sensatez nos protege
De males inesperados
De arroubos do coração
Permita Deus que eu cresça
Que eu consiga ser forte
Que eu saiba responder de dentro do furacão
Que minha resposta também reflita um quê de sensatez
Que meu sim ou meu não sejam verdadeiros
Pensados
Cabíveis
Pertinentes
Que eu, meu Deus,
Que eu seja eu e não o outro
Permita-me ser autêntica e verdadeira
Amar a mim, quem sabe, mais que ao outro
Permita Deus, não que eu seja poupada da dor
Visto que esta faz crescer
E o crescimento é imprescindível
Mas que eu tenha garra para enfrentá-la
Quando for necessário
E que eu não a antecipe irrefletidamente
Quanto à vida e ao amor
Que deles eu me envolva
Me encharque
Seja inebriada
(julho 2009 / agosto 2010)
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Errática
Sou errante
Vacilante
Passeio por motivos, vias e viéses
Roteiros deslizantes
Meu pensamento é arquipélago
Sou fluxo e consciência
Minha reflexão é um todo fragmentado
A impulsividade, que tanto assusta,
É-me possível nesse sistema caótico e errático
Porque sou mantida pela contraditoriedade do ser
O vapor poético me impulsiona
E sinto-me, assim, contraditoriamente
Mínima e máxima
Complexa e simples
Sempre plural e ambígua
Sensível e arrogante
Tolerante e intransigente
É sempre possível
Quiçá necessário
Transgredir
Fugir ao cativeiro da opressão
Deixar-se arrastar pelo apelo da libertação
Naturalmente,
Não sem passar pela contramão
A contracorrente dominante
Arrogante, pretensiosa
Enfrentar esses sistemas pressupõe luta
Esforço pela restituição
No propulsar do sonho
Luta-se contra toda sorte de dominação